[ Vamos falar de dramas e traumas ]

  Como o próprio título diz, esse post é justamente para falar um pouco de mim, algo que raramente aparece por aqui, em um texto ou outro, mas devo uma satisfação a todos por esse ano o blog ter ficado mais inativo do que o de costume. Isso se deve aos dramas e traumas que vivi e revivi esse ano.
  2017 foi um ano intenso, pelo lado bom e pelo ruim, desde o começo dele pensei que deveria passar por diversas mudanças, que certas coisas deveriam ser superadas e a vida melhorada, mas você percebe que dar um passo adiante é ver dois recuarem pra trás no primeiro desafio.
   Já comentei por cima com vocês na temporada passada no Instagram, que aos 17 anos eu sofri uma tentativa de estupro que me traumatizou durante todos esses anos, mesmo que não tenha se concretizado o ato, você percebe que o medo de se envolver e até mesmo de um toque faz com que sua vida seja marcada pelo trauma, os relacionamentos são escassos por falta de confiança nos homens e sim, já passei por todas as fases pós trauma, mas mesmo assim é difícil ainda falar sobre isso hoje em dia, com 6 anos depois a pessoa sem acompanhamento psiquiátrico e nem o apoio dos pais fui forçada a enfrentar sozinha.
   Agora vocês vão se perguntar, por que sem o apoio dos pais? Porque como toda vítima, não tive coragem de denunciar o crime e nem de contar para os meus pais, por "ele" ser um membro da família acabei ficando com mais medo de estragar a união que a família toda tinha do que dele fazer algo contra mim, há também o pensamento de julgamento, que me atormentou durante todos esses anos, ser julgada como a pessoa que causou isso, que provocou a esse ponto, sim, todas as vítimas sempre são as erradas, sempre são as julgadas e mesmo sendo bem cabeça aos 17 anos, fui covarde de denunciar o que aconteceu.
   Mas vamos aos dias atuais, meus traumas vão ficar pra uma matéria exclusiva sobre o assunto.
    Aqui eu quero falar com vocês sobre 2017, o ano mais corrido da faculdade, estar sem trabalho e depender dos pais, de evento da Dark que foi maior que o do ano passado e o que dizer das surpresas? Conseguir a participação de autores internacionais, um bate papo com os nacionais da Caveirinha e a interação maravilhosa que vocês leitores tiveram durante aquela semana.
   Mas muitos me questionaram porque não cheguei de fazer o desafio #ClickDark e cá estou para explicar.
   Quando começou a semana do evento, iniciei um relacionamento e entre as primeiras semanas a vida foi uma correria para se adaptar ao fato de estar namorando, mas porque tudo isso? Porque me negava a me envolver e de confiar tão rápido em uma pessoa sendo que já estávamos tão próximos que parecia que nos conhecíamos a anos e não a dias. Foi por isso o relapso de não fazer o desafio, mas além disso, a forma de aceitar um relacionamento acabou afetando a mim e ao psicológico.
   Para aceitar gostar e amar alguém você precisa confiar, e com isso os dramas precisam ser jogados à mesa e os traumas superados juntos, apesar de tentar ser forte em uma dessas conversas eu tive uma crise que te faz reviver tudo que aconteceu naquela tarde 6 anos atrás e isso te trava e te faz repelir a todos, admiro a paciência que ele teve comigo quando isso aconteceu, você estar na sua fase mais frágil e demonstrar isso nunca foi o que planejei para um inicio de namoro, muito menos que enfrentar meus medos seria tão rápido.
   Sempre fui uma pessoa que não gostava de esperar e enfrentava tudo de uma vez e foi com esse pensamento que decidi contar para o meu pai sobre o ocorrido, minha mãe acabou sabendo durante esse ano, pouco antes do evento e ela me aconselhou a enfrentar de vez meu medo do julgamento do meu pai, por isso após a crise acabei chorando e contando, mais chorando que qualquer outra coisa.
    Nenhum pai, nenhuma mãe, vai querer saber que sua filha sofreu algum tipo de abuso e se meu pai ainda tivesse uma de suas armas em casa ele seria capaz de cometer uma loucura e não o julgo, mas entre a decepção de não ter contato antes e tiverem feito algo a respeito para punir o cara, agora 6 anos depois fica difícil alegar algo após tanto tempo e ambos acreditam na lei do retorno, afinal tudo que vai volta, não posso dar muitos detalhes, pois ainda pretendem entrar na justiça.
    Ok, então nesses meses corridos foi uma adaptação as reações de todos e a mudança interior que tive, pois foi um alivio meus pais saberem e ter o apoio deles depois de tanto tempo sofrendo sozinha, se eu vou ter acompanhamento psicológico? Sim, pretendo começar ano que vem, com o apoio daqueles que me amam.
   Não recomendo de forma alguma ninguém esconder o caso, não denunciar e nem contar para os pais, DENUNCIE, faça com que a pessoa seja julgada pelos seus atos e seus crimes, procure ajuda, não faça o mesmo erro que eu de esperar tanto tempo, isso só dificulta sua vida, seus relacionamentos e seu psicológico, não adianta falar, eu vou conseguir fazer sozinha, pois você não vai, eu sou a prova viva disso, tenha em mente que o melhor pra você é falar, contar e aprender a confiar, pois nem todos os homens são iguais e o apoio da sua família será o mais importante.

   Lamento por aqueles que aguentaram o texto até aqui, foi um desabafo e uma explicação para todo o drama de 2017. Estamos seguindo em frente e prometo que em 2018 o Mundo vai ficar ainda melhor, e eu também. Obrigada por escutarem.
Xoxo

4 comentários

  1. Eu estou chocada pq eu não sabia dessa história e imagino o que vc tem sofrido esses anos. Omitir, guardar essa angustia pra vc por todo esse tempo.
    Que ódio dessa pessoa. Sempre que encontro uma noticia sobre abuso e até mesmo pedofilia e vejo que o crime foi cometido por alguém proximo fico horrorizada. A tipica familia tradicional brasileira... =(

    Desejo toda força pra vc. E que essa pessoa pague pelo que tentou fazer com vc (isso se já não fez com outras vitimas, que ódio)

    www.saidaminhalente.com

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  2. Kammy, estou orgulhosa de você! Sei o quanto isso não é fácil, não é fácil de colocar em palavras com amigos e afins, imagine então com a família, com os nossos pais? Como você disse nenhum pai ou mãe gostaria de descobrir algo assim sobre seus filhos. Esse negócio de falar depois de tanto tempo tambem faz a nossa mente girar de tanto pensar e pensar no que pode acontecer, em como seremos tratadas, e como eles vao nos tratar depois disso. :( Mas que bom que voce passou por cima de tudo isso e decidiu conversar com eles. Espero que após tirar essa omissão do seu caminho, você só melhore, tenha o apoio e ajuda que precisa e que 2018 seja um ano muito mais leve para voce. Que aos poucos essas lembranças ruins fiquem no passado e não te atormente mais. Abraços! ❤

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  3. Fico feliz que você tomou coragem de contar aos seus pais e eles te apoiarem 100% mesmo depois de anos o mais importante é saber que eles acreditam/apoiam você. Desejo boa sorte em seu "tratamento" psicológico e em seu novo relacionamento que seja um cara legal,amoroso,compreensivo e paciente...Que seu 2018 seja maravilhoso bjs

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  4. Eu preciso de um tempo para compreender tudo que li... uau
    Que post mais denso-difícil. Não quero dizer nada sem pautar cada linha, vírgula, sentir.
    Eu tenho alguma dificuldade com o tema porque (não aconteceu comigo) mas com pessoas próximas e foi muito complicado. Não é nada fácil saber que uma pessoa (supostamente acima de qualquer suspeita) comete um ato desse tipo.
    Enfim, ainda estou no meio das suas linhas e espero (sinceramente) que supere tudo isso.

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